Entre as décadas de 40 e 50, carrocerias de ônibus com formato dos dirigíveis alemães Zeppelin circulavam pelo Pará. Registrado no livro Cidade dos Mestres: Belém do Pará em Memórias de Professores, conta: o zepelim “era prateado e mais caro. Percorria a cidade toda e era preferido nos passeios das tardes de domingo, no tradicional ‘dar a volta de ônibus pela cidade’
Virou até marchinha de carnaval nos anos 50: “Mamãe, eu quero, eu quero / Andar de zepelim / Com tanta mulher boa / Dando sopa, está pra mim. // Todo domingo, já é demais / O movimento na linha de São Brás / É gente pra cá, é gente pra lá / E a aeromoça não se cansa de cobrar“.
O primeiro exemplar teria sido construído em 1948, em “uma oficina de consertos de carro e fabricação de ônibus” pertencente à família Tavares, em Belém. Também em 1948 um veículo semelhante foi preparado em Manaus (AM), na oficina de João Barata Jr., conforme na ocasião informou o Jornal do Comércio daquela cidade.Em 1950 foi fundada, em Belém, a Viação Sul Americana, que encomendou cinco novos veículos do tipo, aos quais mais adiante veio se juntar o pioneiro Dirigível Pérola.
Em 1955 um proprietário de ônibus de Manaus encomendou no Pará cinco novos zepelim para agregar à sua pequena frota de três carros. Dessa vez o resultado foi um veículo longo, com 17 janelas (calcula-se que com capacidade de cerca de 70 passageiros sentados).
Em 2013 em entrevista, José Miguel Abrahão Filho, um dos proprietários do ônibus-zepelin de Belém, contou que os ônibus eram sucesso de público, vendiam bastante passagens, mas tinham vários problemas técnicos, como peso excessivo, aerodinâmica inadequada e gasto demasiado de pneus.
Infelizmente não sobrou nenhum exemplar desse inusitado veículo, suas últimas unidades foram desmontadas e a madeira foi queimada em fogueiras nas festas de São João da cidade.
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